Via Láctea
Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
1. O poema apresenta estrutura de diálogo. Quem são os interlocutores? Que tipo de postura cada um evidencia?
2. O poeta trabalhou tanto o discurso direto como o discurso indireto. Dê um exemplo de cada e identifique o dono da fala reproduzida.
3. O interlocutor é um adepto do racionalismo. Aponte, na seleção vocabular da fala do interlocutor, indicadores dessa postura.
4. Enjambement ou encadeamento é um recurso muito utilizado na construção do texto parnasiano (consiste em por no verso seguinte uma ou mais palavras que completem o sentido do verso anterior). Aponte uma passagem em que Bilac faz uso desse recurso.
5. Considera-se rima pobre aquela que é feita entre palavras da mesma categoria gramatical, notadamente as que apresentam os mesmos sufixos ou terminações verbais. Rima rica é a rima entre palavras de categorias gramaticais diferentes, sem auxílio de sufixos. Quando a rima resulta de uma combinação muito especial, diz-se que é rica e rara. Aponte um exemplo de rima rica e rara no soneto de Bilac.
6. Embora os poetas parnasianos sejam considerados “impassíveis”, objetivos, declaradamente anti-românticos, observam-se na poética de Olavo Bilac certos traços do Romantismo. O próprio poeta afirmou: “Aos chamados poetas parnasianos também se deu outro nome: ‘impassíveis’. Quem pode conceber um poeta que não seja suscetível de padecimento? Ninguém e nada é impassível: nem sei se as pedras podem viver sem alma. Uma estátua, quando é verdadeiramente bela, tem sangue e nervos”.
Comprove essas afirmações a partir de elementos presentes no soneto “Ora (direis) ouvir estrelas”.
Extraído de:
NICOLA, José de. Português: ensino médio, volume 2. São Paulo: Scipione, 2005.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCORRIGINDO !!
ResponderExcluir1.O autor e o amigo.O autor é um romantico que conversa com as estrelas e diz que elas as entende e lhe fazem companhia .O amigo nao o entende.
2.Direto:"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" (amigo)
Indireto:E conversamos toda a noite(...) (narrador)
3." Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
4."A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila"
5."Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
6."Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."