quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Texto para equipe: Obcecados por Literatura 1ª série

Leia atentamente os fragmentos abaixo, retirados da Crônica de D. João I. Depois, com o auxílio do vocabulário, responda às questões de interpretação. Observe a sensibilidade do autor, o realismo e o caráter visual dos detalhes descritivos, utilizados como apelo emocional.

O cerco de Lisboa

Andavam os moços de três e de quatro anos pedindo pão pela cidade pelo amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres; e muitos não tinham outra cousa que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste cousa de ver, e se lhes davam tomando pão como noz, haviam-no por grande bem.
Desfalecia o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimento; e vendo lazerar seus filhos a que ocorrer não podiam, choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida: muitos esguardavam as preces alheias com chorosos olhos, por cumprir o que a piedade manda; e, não tendo de que lhes ocorrer, caíam em dobrada tristeza.
[...]
Ora esguardai, como se fôsseis presentes, uma tal cidade assim desconforta a e sem nenhuma certa fiúza de seu livramento, como viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração que depois veio, povo bem aventurado, que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro de tais padecimentos!

1. Para a mentalidade medieval, o centro dos acontecimentos históricos eram os grandes homens – os reis e os nobres. As narrativas de guerra giravam sempre em torno dos cavaleiros, cuja idealização reunia força, integridade de caráter, honra e, sobretudo, heroísmo.
a) Em que esse fragmento se diferencia dessa concepção medieval da História?
b) Com a intenção de sensibilizar o leitor, o cronista descreve o sofrimento dos mais indefesos habitantes da cidade. Quem são eles?

2. Uma das qualidades de Fernão Lopes é a criação de quadros da vida medieval com grande riqueza de detalhes.
a) Em que parágrafo do fragmento da crônica o autor explica sua intenção de descrever os sofrimentos do cerco de Lisboa?
b) A quem se dirige o autor nesse parágrafo?
c) Que verbo desse parágrafo demonstra a consciência do autor acerca da força das imagens com que descreve a cena? Em que modo está esse verbo?
d) Comente o efeito expressivo do uso desse verbo.


AMARAL, Emilia [et al.]. Novas Palavras: português, volume 1: ensino médio. São Paulo: FTD, 2005.

2 comentários:

  1. 1º a)
    Ele não conta apenas a história dos nobres, inclui os pobres, que raras vezes são lembrados.

    b)As crianças e suas pobres mães que não tem o que comer.


    a)
    "Ora esguardai como se fôsseis presentes, uma tal cidade assim desconforta... que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro de tais padecimentos!". A sua intenção era de mostrar ao povo o quão sortudos são de não ter que passar por tal sofrimento.

    b)Aos cidadãos de Portugual.

    c)
    "Soube".Modo indicaivo.

    d)
    Quando ele usa o ver soube, no indicativo, ele afirma que é um fato incontestável que os cidadãos atuais nunca entenderão o horror que foi o cerco a Lisboa.

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Quem sou eu

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Formada no curso técnico de Auxiliar de Escritório no ano de 1996, no Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro, graduada no curso de Licenciatura em Letras com habilitação para o ensino de Língua Inglesa, Língua Portuguesa e suas Literaturas, na Universidade do Estado da Bahia - UNEB/Campus IV no ano de 2004, pós graduanda em Metodologias de Ensino da Língua Portuguesa, pela Universidade Gama Filho. Trabalho como professora há 10 anos, tendo iniciado minha carreira na Prefeitura Municipal de Quixabeira, como professora de Inglês no Ensino Fundamental. Nos anos de 2005 e 2006 trabalhei como professora substituta na Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim, com a disciplina Inglês para o Ensino Médio. Em 2007, tendo sido aprovada no concurso para professores do Estado da Bahia, assumi a cadeira de professora de Língua Inglesa no Colégio Estadual Roberto Santos, onde hoje atuo também como vice-diretora. Assumi a disciplina Literatura no Colégio Presbiteriano Augusto Galvão, em fevereiro de 2009, e pretendo abrir as janelas desta incrível arte a todos que por ela se interessem.