segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A morte e a morte de Quincas Berro d'Água

Jorge Amado é um dos grandes escritores da literatura brasileira. Compondo o quadro dos escritores pertencentes a segunda geração de modernistas, também conhecida como romance de 30 ou romance regionalista, caracterizou de forma divertida e precisa o baiano de Ilhéus e Salvador.
Com romances traduzidos em mais de 40 idiomas, Jorge Amado cativou um público fiel e teve suas obras também adaptadas para o cinema e para a TV.
De todas as suas obras, A morte e a morte de Quincas Berro d’água se destaca como uma novela excepcional, nas palavras do colega Vinicius de Moraes "a melhor novela da literatura brasileira". A história se passa em Salvador, e gira em torno de Joaquim Soares da Cunha, o Quincas Berro d’Água o defunto que não se pode precisar quando efetivamente morreu, ou podemos dizer que, escolheu a hora da própria morte.
As várias mortes do personagem demonstram uma narrativa de realismo preciso e em um trabalho psicológico, mostra como um homem pode morrer estando ainda vivo. E a dúvida sobre a morte é apresentada desde o inicio da narrativa: "Até hoje permanece certa confusão em torno da morte de Quincas Berro D'água. Dúvidas por explicar, detalhes absurdos, contradições no depoimento das testemunhas, lacunas diversas. Não há clareza sobre hora, local e frase derradeira. A família, apoiada por vizinhos e conhecidos, mantém-se intransigente na versão da tranqüila morte matinal, sem testemunhas, sem aparato, sem frase."
Como nossa proposta é discutir as impressões causadas no leitor, confesso ter relutado muito em fazer a leitura deste livro. Um professor de Teoria da Literatura, quando eu estava fazendo a graduação, falava de forma exaustiva deste livro, mas de uma forma chata que não me motivou a lê-lo. Anos mais tarde, conversando com uma amiga – e também professora de Literatura – ouvi dela um relato empolgado do livro, despertando minha curiosidade. Me diverti muito com essa leitura, por isso a recomendei. E vocês, o que acharam?

O retrato de Dorian Gray


Oscar Wilde foi uma personalidade e tanto. O típico dândi, chamando atenção por onde passasse com seu girassol na lapela, teve uma vida repleta de escândalos sendo preso por 2 anos por "cometer atos imorais com diversos rapazes" – de acordo com a sentença do juiz.
Crítico literário, viajou o mundo com suas palestras e sua literatura está entre os clássicos da literatura universal. Escreveu peças de grande sucesso, contos e novelas. Seu único romance, O Retrato de Dorian Gray, repleto de diálogos riquíssimos, é uma obra-prima que fala de arte, beleza e vaidade foi considerado, em seu tempo, imoral. Para Wilde "não existe livro moral ou amoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo." E, com todas as suas excentricidades, Wilde foi um bom escritor.
A primeira vez que li O Retrato de Dorian Gray fiquei fascinada. Texto envolvente repleto de aforismos, desperta no leitor a vontade de sempre retornar a obra. Um bom exemplo destes aforismos é quando um dos personagens afirma “Segundo alguns, as mulheres amam com os ouvidos, exatamente como os homens amam com os olhos; se é que os homens podem amar”, ou ainda "Não se pode haver amizade entre homem e mulher. Pode haver paixão, hostilidade, adoração, amor, mas não amizade". Ler esta e outras obras de Wilde, é sempre um convite à reflexão. Comente alguns dos aforismos encontrados no romance!

A cidade do sol


O autor afegão Khaled Housseini teve sua estréia na literatura mundial com O Caçador de Pipas, um best-seller. Sendo doutor em medicina, Housseini ainda exerce a sua profissão acrescentado a esta a atividade de romancista. O autor poderia ser considerado mais um destes escritores que tem alguns livros de grande sucesso e depois desaparecem, no entanto, seu segundo livro, A cidade do sol, demonstra uma veia literária profunda, com duas histórias distintas que se encontram.
Conheci a obra de Housseini porque era impossível não conhecê-la: na lista dos mais vendidos em diversos países, com um grande alvoroço sobre a história de O caçador de pipas, e com a indicação de alguns amigos – essa é sem dúvida uma das melhores formas de despertar o interesse por algum livro: alguém de quem você gosta e em quem confia indicá-lo – entreguei-me a leitura. Não senti tanta emoção com este, talvez por se tratar de uma amizade que envolve muito mais o mundo masculino, mas ao ler A Cidade do Sol, emocionei-me do início ao fim! Devorei o livro em dois dias! Sofrendo com as dores de Mariam e Laila.
Em uma narrativa bem escrita, o autor nos transporta para o mundo desumano, assemelha os sofrimentos de diferentes pessoas, revela o quanto somos parte desse todo. Uma das frases mais marcantes no livro, para mim é "De todas as dificuldades que uma pessoa tem de enfrentar, a mais sofrida é, sem dúvida, o simples ato de esperar”.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Texto para equipe: Fakename 1ª série

Os Lusíadas - Camões

Proposição

As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

As navegações grandes que fizeram;
Cale−se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

1. Comente os aspectos formais das três estrofes.
2. Para os poetas clássicos, a poesia era fruto da combinação de duas virtudes. Em que verso isso está explicitado?
3. O crítico português Antonio José Saraiva afirma que “as epopéias são narrativas de fundo histórico em que se registram poeticamente as tradições e os ideais de um grupo étnico sob a forma de aventuras de um ou alguns heróis”.
Na Proposição, Camões evidencia o “grupo étnico” e as “aventuras” que serão cantados. Aponte versos em que ocorre isso.
4. O professor Hernani Cidade, na abertura de seu livro A literatura portuguesa e a expansão ultramarina, narra o seguinte episódio:
“Quando os nautas do Gama desembarcaram em Calecute, foi um deles interrogado sobre os motivos da viagem, e consta que respondeu:
- Viemos buscar cristãos e especiarias.
Dava o marinheiro, na singeleza da resposta, a completa finalidade dos objetivos: a mistura, bem humana, da ganância comercial com o proselitismo religioso”.
Destaque versos que sintetizam essa duplicidade que caracterizou os séculos XV e XVI na Península Ibérica.
5. Em Os Lusíadas percebemos uma contradição: os portugueses navegavam para dilatar a Fé Cristã, mas o destino dos navegadores estava nas mãos dos deuses pagãos. Explique.

Extraído de:
NICOLA, José de. Português: ensino médio, volume 1. São Paulo: Scipione, 2005.

Texto para equipe: Fire girls 1ª série

Camões
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

1. Treinando o ouvido: releia os versos do primeiro terceto e responda: quais são as sílabas que recebem o acento do verso?
2. O poeta repete várias vezes a forma verbal é, coma função de ligar um predicativo a um sujeito. Qual o sujeito desses versos?
3. Qual a característica maior de todos os predicativos que aparecem no texto?
4. Releia atentamente o poema e responda: qual seria a maior contradição, o maior paradoxo do poema?
5. Leia atentamente a explicação abaixo:
Platão concebia dois mundos: o mundo sensível, em que habitamos, e o mundo inteligível, das divinas essências (Deus, o Belo, o Bom, a Sabedoria, o Amor, a Justiça, etc.). No mundo sensível, a realidade concreta é simples sombra ou reflexo dessas essências. As almas, que são imortais, habitam o mundo inteligível. Quando descem para o mundo sensível, conservam uma recordação de sua morada divina, que podem avivar por meio da reminiscência. Nossa constante busca do ideal seria, portanto, uma tentativa de ascender do mundo sensível (da realidade concreta) para o mundo inteligível (da essência, da verdade universal). No mundo sensível temos, por exemplo, amores vivenciados, que são cópias imperfeitas, deformadas, uma vez que “o mundo material ou de nossa experiência sensível é mutável e contraditório e, por isso, dele só nos chegam as aparências das coisas e sobre ele só podemos ter opiniões contrárias e contraditórias” (Marilena Chauí); no mundo inteligível, temo o Amor (a maiúscula indica sempre a essência, a ideia, o Ser perfeito, imutável, universal, eterno, imperecível).
Como se manifesta o platonismo no texto?

Extraído de:
NICOLA, José de. Português: ensino médio, volume 1. São Paulo: Scipione, 2005.

Texto para equipe: Heróis de Guerra 1ª série

Todo o Mundo e Ninguém
Gil Vicente

Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.

Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Belzebu: Que ninguém busca consciência.
e todo o mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.

Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra todo o mundo
e ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.

Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido?

Belzebu: Que quer em extremo grado
todo o mundo ser louvado,
e ninguém ser repreendido.
Ninguém: Buscas mais, amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.

Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Belzebu: Muito garrida:
Todo o mundo busca a vida
e ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.

Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
que todo o mundo quer paraíso
e ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Quê?

Belzebu: Que todo o mundo é mentiroso,
E ninguém diz a verdade.


1. Comente as figuras de Todo o Mundo e Ninguém, caracterizando-as.
2. Nas falas de Belzebu, os personagens Todo o Mundo e Ninguém, bem como o diálogo travado entre eles, ganham novo significado. Por quê?
3. Qual a postura de Belzebu e de Dinato? São passivos ou ativos? O que pretende Gil Vicente com isso?
4. Destaque dois aspectos formais do texto e comente-os.
5. Você concorda com a fala de Belzebu: “Que Ninguém busca consciência, e Todo o Mundo dinheiro”? Por quê?

Extraído de:
NICOLA, José de. Português: ensino médio, volume 1. São Paulo: Scipione, 2005.

Texto para equipe: Obcecados por Literatura 1ª série

Leia atentamente os fragmentos abaixo, retirados da Crônica de D. João I. Depois, com o auxílio do vocabulário, responda às questões de interpretação. Observe a sensibilidade do autor, o realismo e o caráter visual dos detalhes descritivos, utilizados como apelo emocional.

O cerco de Lisboa

Andavam os moços de três e de quatro anos pedindo pão pela cidade pelo amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres; e muitos não tinham outra cousa que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste cousa de ver, e se lhes davam tomando pão como noz, haviam-no por grande bem.
Desfalecia o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimento; e vendo lazerar seus filhos a que ocorrer não podiam, choravam amiúde sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida: muitos esguardavam as preces alheias com chorosos olhos, por cumprir o que a piedade manda; e, não tendo de que lhes ocorrer, caíam em dobrada tristeza.
[...]
Ora esguardai, como se fôsseis presentes, uma tal cidade assim desconforta a e sem nenhuma certa fiúza de seu livramento, como viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração que depois veio, povo bem aventurado, que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro de tais padecimentos!

1. Para a mentalidade medieval, o centro dos acontecimentos históricos eram os grandes homens – os reis e os nobres. As narrativas de guerra giravam sempre em torno dos cavaleiros, cuja idealização reunia força, integridade de caráter, honra e, sobretudo, heroísmo.
a) Em que esse fragmento se diferencia dessa concepção medieval da História?
b) Com a intenção de sensibilizar o leitor, o cronista descreve o sofrimento dos mais indefesos habitantes da cidade. Quem são eles?

2. Uma das qualidades de Fernão Lopes é a criação de quadros da vida medieval com grande riqueza de detalhes.
a) Em que parágrafo do fragmento da crônica o autor explica sua intenção de descrever os sofrimentos do cerco de Lisboa?
b) A quem se dirige o autor nesse parágrafo?
c) Que verbo desse parágrafo demonstra a consciência do autor acerca da força das imagens com que descreve a cena? Em que modo está esse verbo?
d) Comente o efeito expressivo do uso desse verbo.


AMARAL, Emilia [et al.]. Novas Palavras: português, volume 1: ensino médio. São Paulo: FTD, 2005.

Texto para equipe: The Itinga's boys 1ª série

Texto I
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.

Texto II
«Porém já cinco Sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca d' outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ũa noute, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ũa nuvem que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.

«Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
– «Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?»

«Não acabava, quando ũa figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

«Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

«E disse: – «Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d' estranho ou próprio lenho;
[...]
«Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu suma vingança;
E não se acabará só nisto o dano
De vossa pertinace confiança:
Antes, em vossas naus vereis, cada ano,
Se é verdade o que meu juízo alcança,
Naufrágios, perdições de toda sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte!

1. Na segunda estrofe do texto I, o eu lírico afirma não temer os perigos do mar. No entanto, mostra-se completamente inseguro em outros assuntos. De acordo com a 1ª e a 2ª estrofes do poema, interprete:
a) Qual a causa da insegurança do eu lírico?
b) Que desafio o eu lírico faz ao Amor?
c) Com base no 4º verso da 1ª estrofe, explique por que o eu lírico julga que será o vencedor desse desafio.

2. Na 3ª e na 4ª estrofes, o eu lírico constrói um raciocínio lógico a partir de uma premissa: não pode haver desgosto onde falta esperança. Interprete: no caso do eu lírico, essa premissa se mostra verdadeira? Justifique sua resposta com elementos do texto.
3. Observe e compare o tipo de verso, o número de versos por estrofe e as rimas dos dois textos.
a) Que tipo de verso foi empregado?
b) Como estão organizadas as estrofes do soneto (texto I)?
c) No soneto, as rimas apresentam a seguinte disposição: ABBA, ABBA, CDE, CDE. Utilizando letras, indique a disposição das rimas do texto II.

4. No texto II, saindo das profundezas do mar, o gigante Adamastor surge inesperadamente diante dos portugueses. Camões criou a figura do monstro para representar o cabo das Tormentas, até então o ponto geográfico mais distante conhecido dos navegantes.
a) O que sentiram os portugueses diante do gigante Adamastor? Que fato, da 4ª estrofe, comprova sua resposta?
b) Reconheça, na 3ª estrofe do texto II, as características do gigante responsáveis pelo que os portugueses sentiram.

5. Releia a 5ª estrofe do texto II. Nela, o gigante compara os portugueses a outros povos, que também se lançaram ao mar.
a) Quem o gigante destaca nessa comparação? Por quê?
b) Relacione essa comparação ao momento histórico e ao espírito nacionalista vivido pelos portugueses no século XVI. Qual é a verdadeira intenção do autor ao criar esse obstáculo para a viagem dos portugueses ao Oriente?

6. Os navegantes do século XV acreditavam em lendas antigas, provenientes da Idade Média. Segundo algumas delas, além do cabo das Tormentas havia fenômenos estranhos, como as águas do mar ferverem e rochas magnéticas atraírem os barcos, que se arrebentavam nas pedras.
Releia a última estrofe do texto II.
a) Que previsões tem o gigante para a ousadia dos portugueses?
b) Em qual dessas lendas Camões se baseou para criar a figura do gigante Adamastor?

Extraído de:
CEREJA, William Roberto. Português: Linguagens: volume 1: ensino médio. 5 ed. São Paulo: Atual, 2005.

Texto para equipe: Dom Quixotes 1ª série

Leia a seguir um fragmento do Auto da Barca do inferno e responda às questões propostas:

DIABO
Pois entrai! Eu tangerei
e faremos um serão.
Essa dama é ela vossa?

FRADE
Por minha la tenho eu,
e sempre a tive de meu,

DIABO
Fezestes bem, que é fermosa!
E não vos punham lá grosa
no vosso convento santo?

FRADE
E eles fazem outro tanto!

DIABO
Que cousa tão preciosa...
Entrai, padre reverendo!

FRADE
Para onde levais gente?

DIABO
Pera aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo.

FRADE
Juro a Deus que nom t'entendo!
E este hábito no me val?

DIABO
Gentil padre mundanal,
a Berzebu vos encomendo!

FRADE
Corpo de Deus consagrado!
Pela fé de Jesu Cristo,
que eu nom posso entender isto!
Eu hei-de ser condenado?!...
Um padre tão namorado
e tanto dado à virtude?
Assi Deus me dê saúde,
que eu estou maravilhado!

DIABO
Não curês de mais detença.
Embarcai e partiremos:
tomareis um par de ramos.

FRADE
Nom ficou isso n'avença.

DIABO
Pois dada está já a sentença!
[...]

1. O diabo, ao receber o frade, estranha a pessoa que está em sua companhia.
Deduza: qual é a causa desse estranhamento?

2. O diálogo que ocorre entre as duas personagens revela não apenas a condição moral do frade, mas também a de outros membros da Igreja. Qual é essa condição?

3. Para livrar-se do inferno, o frade apresenta alguns argumentos ao diabo.

a) Identifique dois desses argumentos
b) Pelas respostas do diabo, deduza: o frade deverá ir para a barca do inferno ou para a barca do céu? Por quê?

4. O julgamento a que são submetidos os mortos que se dirigem à barca do inferno ou à barca do céu é na verdade um julgamento de toda a sociedade. No que se refere ao julgamento do frade, levante hipóteses: a intenção do autor é criticar a Igreja como instituição ou os homens? Justifique sua resposta.

5. Na época de Gil Vicente, o teatro era escrito em versos. Observe o fragmento lido. Que tipo de verso foi utilizado?

Extraído de:
CEREJA, William Roberto. Português: Linguagens: volume 1: ensino médio. 5 ed. São Paulo: Atual, 2005.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Texto para equipe: Balacubaco 2ª série

As pombas
Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

1. O soneto está organizado em duas partes. Nas duas quadras, o eu lírico descreve o revoar das pombas; nos tercetos é estabelecida uma comparação.
a) A que é comparado o revoar das pombas?
b) Qual é a diferença essencial, segundo o texto, entre os elementos comparados?

2. De acordo com os termos dessa comparação, identifique a que correspondem, no plano da vida:
a) a madrugada e a tarde;
b) a nortada, que as pombas encontram, à tarde, fora dos pombais.

3. Releia a última estrofe do soneto. Que visão sobre a vida e sobre a condição humana o eu lírico expressa nessa estrofe e no poema como um todo?

4. Destaque do soneto três características que comprovem a filiação do texto ao Parnasianismo.

Extraído de:
CEREJA, William Roberto. Português: Linguagens: volume 2: ensino médio. 5 ed. São Paulo: Atual, 2005.

Texto para equipe: PLBTJ 2ª série

CORRESPONDÊNCIAS
Charles Baudelaire

A natureza é um templo onde vivos pilares
Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que ali o espreitam com seus olhos familiares.
Como ecos longos que à distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.
Há aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces como o oboé, verdes como a campina,
E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,
Com a fluidez daquilo que jamais termina,
Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.




VIOLÕES QUE CHORAM...
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.
Sutis palpitações à luz da lua,
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Harmonias que pungem, que laceram,
Dedos nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...
E sons soturnos, suspiradas mágoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.
Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho,
Almas que se abismaram no mistério.
Sons perdidos, nostálgicos, secretos,
Finas, diluídas, vaporosas brumas,
Longo desolamento dos inquietos
Navios a vagar à flor de espumas.
Oh! languidez, languidez infinita,
Nebulosas de sons e de queixumes,
Vibrado coração de ânsia esquisita
E de gritos felinos de ciúmes!
Que encantos acres nos vadios rotos
Quando em toscos violões, por lentas horas
Vibram, com a graça virgem dos garotos,
Um concerto de lágrimas sonoras!
Quando uma voz, em trêmulos, incerta,
Palpitando no espaço, ondula, ondeia,
E o canto sobe para a flor deserta,
Soturna e singular da lua cheia.
Quando as estrelas mágicas florescem,
E no silêncio astral da Imensidade
Por lagos encantados adormecem
As pálidas ninféias da Saudade!
Como me embala toda essa pungência,
Essas lacerações como me embalam,
Como abrem asas brancas de clemência
As harmonias dos violões que falam!
Que graça ideal, amargamente triste,
Nos lânguidos bordões plangendo passa.
Quanta melancolia de anjo existe
Nas visões melodiosas dessa graça...
Que céu, que inferno, que profundo inferno,
Que ouros, que azuis, que lágrimas, que risos,
Quanto magoado sentimento eterno
Nesses ritmos trêmulos e indecisos...
Que anelos sexuais de monjas belas
Nas ciliciadas carnes tentadoras,
Vagando no recôndito das celas,
Por entre as ânsias dilaceradoras...
Quanta plebéia castidade obscura
Vegetando e morrendo sobre a lama,
Proliferando sobre a lama impura,
Como em perpétuos turbilhões de chama,
Que procissão sinistra de caveiras,
De espetros, pelas sombras mortas, mudas...
Que montanhas de dor, que cordilheiras
De agonias aspérrimas e agudas.
Véus neblinosos, longos, véus de viúvas
Enclausuradas nos ferais desterros,
Errando aos sóis, aos vendavais e às chuvas,
Sob abóbadas lúgubres de enterros:
Velhinhas quedas e velhinhos quedos,
Cegas, cegos, velhinhas e velhinhos,
Sepulcros vivos de senis segredos,
Eternamente a caminhar sozinhos;
E na expressão de quem se vai sorrindo,
Com as mãos bem juntas e com os pés bem juntos
E um lenço preto o queixo comprimindo,
Passam todos os lívidos defuntos...
E como que há histéricos espasmos
Na mão que esses violões agita, largos...
E o som sombrio é feito de sarcasmos
E de sonambulismos e letargos.
Fantasmas de galés de anos profundos
Na prisão celular atormentados,
Sentindo nos violões os velhos mundos
Da lembrança fiel de áureos passados;
Meigos perfis de tísicos dolentes
Que eu vi dentre os violões errar gemendo,
Prostituídos de outrora, nas serpentes
Dos vícios infernais desfalecendo;
Tipos intonsos, esgrouviados, tortos,
Das luas tardas sob o beijo níveo,
Para os enterros dos seus sonhos mortos
Nas queixas dos violões buscando alívio;
Corpos frágeis, quebrados, doloridos,
Frouxos, dormentes, adormidos, langues,
Na degenerescência dos vencidos
De toda a geração, todos os sangues;
Marinheiros que o mar tornou mais fortes,
Como que feitos de um poder extremo
Para vencer a convulsão das mortes,
Dos temporais o temporal supremo;
Veteranos de todas as campanhas,
Enrugados por fundas cicatrizes,
Procuram nos violões horas estranhas,
Vagos aromas, cândidos, felizes.
Ébrios antigos, vagabundos velhos,
Torvos despojos da miséria humana,
Têm nos violões secretos Evangelhos,
Toda a Bíblia fatal da dor insana.
Enxovalhados, tábidos palhaços
De carapuças, máscaras e gestos
Lentos e lassos, lúbricos, devassos,
Lembrando a florescência dos incestos;
Todas as ironias suspirantes
Que ondulam no ridículo das vidas,
Caricaturas tétricas e errantes
Dos malditos, dos réus, dos suicidas;
Toda essa labiríntica nevrose
Das virgens nos românticos enleios,
Os ocasos do Amor, toda a clorose
Que ocultamente lhes lacera os seios;
Toda a mórbida música plebéia
De requebros de fauno e ondas lascivas;
A langue, mole e morna melopéia
Das valsas alanceadas, convulsivas;
Tudo isso, num grotesco desconforme,
Em ais de dor, em contorções de açoites,
Revive nos violões, acorda e dorme
Através do luar das meias-noites!

1. Embora Baudelaire seja precursor da poesia simbolista, notamos várias semelhanças entre seu poema e o do simbolista Cruz e Sousa. Observe a linguagem dos dois poemas. A linguagem simbolista caracteriza-se por ser vaga, fluida, imprecisa.
a) Destaque dos dois poemas exemplos de algo indefinido, vago.
b) O emprego de substantivos abstratos e de adjetivos também contribui para reforçar a idéia de fluidez nos textos. Identifique nos dois poemas o uso de recursos desses tipos.

2. No Realismo, a adjetivação cumpre o papel de compor um painel objetivo da realidade. Observe os adjetivos empregados nos poemas de Baudelaire e Cruz e Sousa. Eles contribuem para compor um painel subjetivo ou objetivo da realidade?

3. Em vez de nomear ou explicar objetivamente, a linguagem simbolista procura sugerir. Com relação ao poema “Violões que choram...”:

a) O que sugere a aliteração do fonema /v/ da 7ª estrofe?
b) Com base na 1ª e na 5ª estrofes e no título do poema, indique os sentimentos ou estados de alma que, na visão do eu lírico, os sons do violão sugerem.
c) Na atribuição de características como “dormentes”, “chorosos” e “tristonhos” aos violões, que figura de linguagem se verifica?

4. Para os simbolistas, uma das formas de expressar as sensações interiores por meio da linguagem verbal é pela aproximação ou cruzamento de campos sensoriais diferentes. Esse procedimento, a que se dá o nome de sinestesia, foi inspirado justamente no poema “Correspondências”, de Baudelaire.
a) Identifique no poema de Baudelaire o verso que se refere à fusão de campos sensoriais diferentes.
b) Releia as três estrofes iniciais do poema de Cruz e Sousa. Que campos sensoriais são aproximados nessas estrofes?
c) Identifique na sétima estrofe um emprego de sinestesia.

5. O Parnasianismo e o Simbolismo nasceram juntos na França, com a publicação da revista Parnasse Contemporain. Embora apresentem propostas artísticas diferentes, esses dois movimentos tem em comum a preocupação com a linguagem artística. Por isso, é comum entre simbolistas o exercício do princípio da “arte pela arte” ou “arte sobre a arte”.
a) Na 1ª estrofe de “Correspondências”, Baudelaire faz referência a “palavras confusas” e a “florestas de símbolos”. A que tipo de arte ele se refere nesses versos?
b) Em “Violões que choram...” manifesta-se o princípio da “arte pela arte”? por quê?

Extraído de:
CEREJA, William Roberto. Português: Linguagens: volume 2: ensino médio. 5 ed. São Paulo: Atual, 2005.

Quem sou eu

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Formada no curso técnico de Auxiliar de Escritório no ano de 1996, no Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro, graduada no curso de Licenciatura em Letras com habilitação para o ensino de Língua Inglesa, Língua Portuguesa e suas Literaturas, na Universidade do Estado da Bahia - UNEB/Campus IV no ano de 2004, pós graduanda em Metodologias de Ensino da Língua Portuguesa, pela Universidade Gama Filho. Trabalho como professora há 10 anos, tendo iniciado minha carreira na Prefeitura Municipal de Quixabeira, como professora de Inglês no Ensino Fundamental. Nos anos de 2005 e 2006 trabalhei como professora substituta na Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim, com a disciplina Inglês para o Ensino Médio. Em 2007, tendo sido aprovada no concurso para professores do Estado da Bahia, assumi a cadeira de professora de Língua Inglesa no Colégio Estadual Roberto Santos, onde hoje atuo também como vice-diretora. Assumi a disciplina Literatura no Colégio Presbiteriano Augusto Galvão, em fevereiro de 2009, e pretendo abrir as janelas desta incrível arte a todos que por ela se interessem.